A manhã de ontem reservou uma movimentação febril na cidade, peculiar, bem-vinda. Tive a chance de passar em frente de duas escolas estaduais por volta das 8 da manhã, e era uma agitação só, de pais, professores, estudantes e muitas mochilas. Aquilo foi um destampar da memória. Permitam-me a referência tradicional para essas ocasiões, mas é irresistível. Quem de nós, mais antigos, e até os mais novinhos, não lembrará do capricho das primeiras páginas de um caderno novo, bordadas com as indefectíveis canetinhas hidrocor, uma nova sala de aula, os reencontros inesquecíveis, a espera pelo recreio... Direto do túnel do tempo, perdoem a nostálgica recaída.
Mas há um palavra, uma pequeno detalhe do parágrafo acima que vale realçar: as duas escolas pelas quais passei na frente ontem, coincidentemente, eram estaduais. O patinho feio da rede de ensino. Em geral, as escolas mais maltratadas na estrutura, onde os professores recebem os salários mais baixos. Porém, estavam lá os pais a confiar seus filhos à rede pública, no caso a estadual.
Queria testemunhar que o cenário pode não ser tão feio como parece, sob o ponto de vista das possibilidades. Entendo até engraçada uma certa obsessão dos país por matricular seus filhos em colégios da rede privada. Gastam fortunas e, tantas vezes, isso não faz a diferença. Porque a diferença quem faz é a pessoa. E tanto faz se ela estudará na rede pública, estadual, municipal ou privada. O que importa é ir atrás, é ter a orientação adequada, querer aprender.
Minha vida escolar deu-se toda ela nos bancos e classes de duas inesquecíveis escolas estaduais. E não tirou pedaço. Ao contrário, há alunos, e não são poucos, a quem nem a escola particular dá jeito. Não basta estudar nas escolas mais caras, cheias de serviços e opções adicionais periféricas. O que importa é crescer no aprendizado e na cidadania, e isso não se consegue sem iniciativa própria, esforço pessoal e orientação dos pais, com apoio e direcionamento escolar.
Sem dúvida que a rede estadual defronta-se com dificuldades e carências, até greves de professores. Oportunidade para estreitar relação com o que é público, o que é de todos, trabalhar desde cedo mobilizações da comunidade, interessar-se por ajudar a escola e cuidar dela. A vida não é fácil em escola pública. Mas também se aprende, e bem aprendido, e se guarda a escola no coração. Precisa querer.
Fonte: Jornal Pioneiro
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014


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